Cada povo tem o governo que merece/Por Albert Peixoto

“Povo marcado, povo feliz”, já dizia o Zé Ramalho na sua canção
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Margarida Martins

Em 1821 o filósofo francês Joseph-Marie Maistre – 1753-1821 – crítico ferrenho da Revolução Francesa, entrou para a história ao escrever a frase “cada povo tem o governo que merece”. Esta frase foi publicada e registrada em carta 40 anos mais tarde, fazendo referência a ignorância popular com relação à escolha de seus representantes políticos.

Segundo Maistre, os exageros – incompetência – de um governo, é fruto da participação no processo político do povo que tem direito ao voto, mas não sabe usá-lo.

No Brasil de hoje, a situação é muito parecida com a da França do século XVIII. Em uma democracia “adolescente” e com a educação sucateada, o voto é determinado pelo poder econômico e pelas promessas subservientes de campanha, patrocinadas por candidatos – clientelismo político – na sua grande maioria, analfabetos políticos com o único interesse de se darem bem – fazerem seu “pé de meia”.

Fazendo uma analise mais ampla do político brasileiro, chega-se à conclusão de que estes não têm o mínimo necessário de conhecimento das questões econômicas, sociais e de saúde do país; nenhum conhecimento em educação, cultura e arte; e um conhecimento insignificante em mobilização urbana.

Infelizmente, a população brasileira é formada por uma fatia que gira em torno de 80% de analfabetos funcionais. Para os institutos de pesquisa, simplesmente ler e escrever não é considerado alfabetizado. É necessário entender o que leu e emitir um parecer sobre o assunto. Há uma parcela bem maior de analfabetos políticos, neste último segmento, principalmente os próprios políticos.

O brasileiro, um povo pouco intelectualizado, não acompanha a atuação dos que elegeu, por isso não faz nenhuma cobrança sobre sua atuação. Não lembram em quais candidatos votaram no último pleito, muito menos quem é o vice-prefeito de seu município.

Na maioria das vezes o eleitor brasileiro escolhe seus candidatos através dos telejornais das oito, com seus comentários espetaculosos a respeito de um candidato (a) do interesse da emissora, ou através do candidato (a) mais simpático (a), ou ainda através daquele que lhe deu alguns sacos de cimento ou torce por seu time de futebol.

A escolha dos governantes brasileiros é encarada como um desfile de escola de samba no carnaval, ou até mesmo um jogo de futebol. Aquele para quem se torce tem que ganhar, não importando se a questão é o oportunismo de se infiltrar na vida pública por interesses escusos, ainda que não sejam os mesmos da sociedade.

Alberto Peixoto, Escritor

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