No decorrer de mais de 300 anos de escravidão no Brasil, os quilombos tiveram a função de meio de evasão contra a privação da liberdade e da violência praticada na senzala pelos senhores de escravos. Aos poucos estas comunidades de negros fugitivos foram se organizando, passando a cultivar a terra e trocando parte da colheita por utensílios e alimentos que supriam suas necessidades. Em toda a região que houve escravidão, houve resistência, luta pela liberdade, fugas e daí a formação dos quilombos. O mais famoso de todos foi o Quilombo dos Palmares, em Alagoas, quando ainda pertencia a capitania de Pernambuco.
Foram desembarcado em terras brasileiras um total aproximado de 4 milhões de negros que teve participação direta na fundação e no desenvolvimento econômico do país, através do seu trabalho escravo. Nossas raízes – origens do povo brasileiro – se assentam nas relações raciais entre os negros, brancos e indígenas, sendo o nordeste a principal porta de entrada dos negros trazidos da África, por volta do século XVI para trabalharem nas plantações de cana de açúcar. Feira de Santana foi fundamental no comércio regional de seres humanos, o que denota que a sua vocação comercial contemplava um leque diversificado de “mercadorias”.
Em 1799 o Príncipe D João Maria de Bragança assumiu ao trono de Portugal como príncipe regente, pois os médicos declararam sua mãe, Rainha D. Maria I, louca e os eventos envolvendo Napoleão Bonaparte na Europa aconteciam com velocidade intensa culminando na possibilidade de uma invasão francesa em Portugal, o que provocou a mudança da Família Real e da Corte Portuguesa para o Brasil.
Segundo alguns autores a presença da Família Real Portuguesa no Brasil a partir de 1808, registrou-se a “inversão metropolitana”, ou seja, o aparelho de Estado Português passou a operar a partir do Brasil, que desse modo, deixou de ser uma colônia e assumiu, efetivamente, as funções de metrópole. A partir desta nova situação vislumbrou-se em um horizonte longínquo a possibilidade de um processo de luta pela independência do Brasil
Na luta pela independência do Brasil o negro, o índio e o vaqueiro sertanejo, tiveram participação importantíssima, principalmente na Bahia, fazendo resistência às tropas portuguesas que estavam sediadas em províncias que se opunham a independência do Brasil de Portugal e teve como grande aliada a feirense Maria Quitéria de Jesus, nascida no sitio Licurizeiro, pequena propriedade nos arredores da Vila de São Jose das Itapororocas, hoje distrito de Maria Quitéria, na comarca de Nossa Senhora do Rosário do Porto de Cachoeira, atual município de Feira de Santana, no estado da Bahia, filha primogênita dos fazendeiros portugueses Gonçalo Alves Almeida e Quitéria Maria de Jesus.
A heroína feirense veio ao mundo no dia 27 de julho de 1792 e foi batizada em 27 de julho de 1798. Ao perder sua mãe por volta dos 10 anos de idade, foi obrigada pelo destino à assumir os cuidados dos seus dois irmãos menores. Maria Quitéria veio a ser considerada a heroína mais respeitada de toda a Guerra da Independência Brasileira, enaltecendo assim a mulher feirense, a mulher baiana.