De acordo com o que defendia Sigmund Freud, considerado o pai da psicanálise, a homossexualidade e suas variantes não podem ser consideradas como uma doença e, portanto, não só os psicólogos, mas ninguém pode curá-las. Consta, em uma das muitas narrativas existentes, que em um determinado momento, ele recebeu uma missiva de uma mãe desesperada que lhe implorava ajuda para seu filho gay. Observou ele, “a homossexualidade não pode ser considerada uma doença. Nós a consideramos como uma variante da função sexual”. E afirma que a psicanálise pode fazer outra coisa por seu filho, mas não curá-lo.
“Se ele se sentisse infeliz por causa de milhares de conflitos e inibições em relação à sua vida social, a psicanálise poderia lhe proporcionar tranquilidade, paz psíquica e plena eficiência”. O terapeuta também lembrou que “grandes homens da antiguidade e da atualidade foram homossexuais, e entre eles algumas das figuras mais proeminentes da história, como Platão, Michelangelo, Leonardo da Vinci etc”. E considerou uma grande injustiça e crueldade perseguir a homossexualidade como se fosse um crime. Postura esta, posteriormente adotada e defendida pela Organização Mundial da Saúde, e a adotada hoje nos países mais civilizados.
Já se tornou comum nas mais variantes culturas, para que uma pessoa gay deixe de sê-lo. Enquanto Freud escreveu: “se aceite e se ame como é”. Pode reforçar a aceitação de sua condição aliviando a dor que vem com o peso dos preconceitos sociais ou do ambiente hostil em que pode estar vivendo sua sexualidade. Este é o que os países anglo-saxões denominam “psicologia gay afirmativa”. E já existem muitos pioneiros que desfraldaram a bandeira deste movimento.
Este tipo de terapia psicológica vai de encontro ao que os extremistas evangélicos desejariam dos psicólogos, que é forçar o homossexual a sair de sua condição para ser “normal”. De acordo com os especialistas no tema, a psicologia gay afirmativa ajuda, pelo contrário, a reforçar a ideia de que o que alguns homossexuais realmente podem precisar que é eliminar os preconceitos sociais interiorizados, de que são vítimas de uma anormalidade.
A psicologia não pode curar alguém que não esteja doente, e sim ajudar os homossexuais a se sentirem normais. A religião pode fazer isso, reavaliando os seus conceitos e preconceitos ao deixar de considerar a homossexualidade um desvio da natureza desprezando a prática de considerar que a mesma é pecado e ofensa a Deus, defendem os especialistas. Em resumo a ciência afirma ser a homossexualidade natural. Aceitá-la tem mais sentido do que renegá-la.
Sérgio Jones, jornalista.
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