Bancada evangélica tem como objetivo transformar o Brasil em um país teocrático/Por Carlos Lima

A Bíblia, segundo os protestantes, deve ser a verdadeira Constituição do país.
FOTO: apeixoto

Não se pode contestar quanto às intenções da bancada dos evangélicos na Câmara Federal. Nisso os objetivos são claros.

Se tornar a maior força política da nação brasileira e constituir a Bíblia como a verdadeira Constituição do país, conforme a sua interpretação.

A laicidade está em constante ataque.

O projeto segue em andamento, os Neopentecostais deixam claro que o seu poder político é a solução final.

Entretanto a profecia apocalíptica não vem apenas do segmento considerado evangélico.

Esse pensamento escatológico se espalha perigosamente entre alguns estudiosos dessa fatia política e religiosa.

Eles aprenderam o jogo político e o aperfeiçoamento os afasta do comportamento considerado sagrado, os especializa no jogo das negociações possuem uma única finalidade, se locupletarem financeiramente.

A questão não é mudar as regras, é dominá-las.

O seu canto de amor e defesa da família, envolve notadamente os efeitos morai sexuais, entretanto podemos sentir que são falhos harmonicamente, mas, não os deixam sair dos bastidores.

São difíceis nas suas nomenclaturas. Podem-se afirmar desencontros que já começam na nomenclatura.

A categoria “evangélica” é extremamente problemática, pois de forma alguma congrega a mesma unidade contida na categoria “católico”, para ficar, por exemplo, mais próximo, no ramo cristão.

É obvio que também existem múltiplos catolicismos e, mesmo no interior da Igreja Católica, existem inúmeras correntes ideológicas. Também é óbvio que todo conceito unifica idealmente certos fenômenos para torná-los mais compreensíveis.

Mas quando vemos a categoria “evangélico”, nas conversas cotidianas ou na mídia, é comum nos esquecermos que as denominações evangélicas vivem em pé de guerra entre si e defendem agendas extremamente divergentes.

Essas denominações não demonizam apenas os cultos afro-brasileiros, como comumente se imagina. Se você encontrar duas igrejas evangélicas no mesmo quarteirão, uma em cada esquina, provavelmente mal vai notar a diferença existente entre elas.

Porém é muito provável que os demônios que estão sendo exorcizados em uma delas, em outra sejam identificados pelos pastores como provenientes da ação maléfica da igreja evangélica, instalada na outra ponta do quarteirão.

Também é provável que os pastores de ambas passem boa parte dos cultos marcando mais as diferenças entre si do que em relação a concorrentes distantes.

No pulsante e pluralizado mercado religioso brasileiro contemporâneo, não poderia ser diferente. Se meu produto é muito semelhante ao do concorrente, eu preciso investir pesado nas diferenças.

Na falta de diferenciais muito claros, a melhor estratégia é provar que o outro “não presta”, que é “mentiroso”, que faz propaganda enganosa, etc.

Ocorre que na mesma medida em que as igrejas assumem à lógica de empresas concorrentes, também os fiéis assumem a lógica de consumidores que escolhem o que mais lhes interessa.

Até por isso, as conversões acontecem, hoje em dia, sem que daí decorram necessariamente grandes traumas e transformações radicais no estilo de vida.

Tal postura seletiva na esfera religiosa também tem amplas repercussões políticas. Isto é, da mesma forma que o fiel não aceita integralmente todas as orientações religiosas que ouve do púlpito, tampouco aceita passivamente as insinuações feitas no mesmo espaço sobre quais seriam as melhores escolhas políticas.

É por essa razão que aqueles que afirmam que o apoio das igrejas Neopentecostais foi determinante na eleição de Bolsonaro, na verdade, estão invertendo causa e efeito: não é porque elas apoiaram Bolsonaro que ele ganhou; é porque elas perceberam que Bolsonaro iria ganhar, é que passaram a apoiá-lo.

Não houve uma ampla movimentação de apoio explícito a Bolsonaro enquanto ele não era considerado um candidato viável.

Carlos Lima, Jornalista

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