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Brasileiros criticam gestão da Casa de Cultura do Brasil em Luanda

Brasileiros que vivem ou visitam Luanda, capital de Angola, têm manifestado insatisfação com a gestão do IGR – Instituto Guimarães Rosa, outrora Casa de Cultura do Brasil. A principal queixa é de que a instituição, subordinada à Embaixada do Brasil, é dirigida por uma cidadã estrangeira e não conta com funcionários brasileiros no atendimento.

Ao chegar ao local, relatam, o visitante é recebido por atendentes estrangeiros, sem conhecimento suficiente da cultura brasileira. “No espaço, nada representa o Brasil. Mesas e cortinas são adornadas com tecidos africanos e não há elementos que remetam à nossa identidade, exceto a bandeira brasileira hasteada do lado de fora e as salas com nomes de capitais do país”, critica o jornalista e escritor brasileiro Roberto Leal.

Para muitos, o ambiente lembra mais uma casa de cultura angolana. Brasileiros apontam falta de atenção, ausência da língua portuguesa em seu sotaque brasileiro e despreparo para lidar com turistas do Brasil, o que dificulta um diálogo cordial. Artistas também reclamam das restrições. “Só podemos nos apresentar até um horário fixo. Depois disso, alegam que não podem pagar horas extras e chegam a apagar as luzes para encerrar eventos, mesmo com o salão cheio”, relatou o poeta brasileiro Rodrigo Ravel, morador de Luanda.

Outra queixa é a ausência de estrutura para divulgação cultural. Não há site oficial nem assessor de comunicação para apoiar artistas, escritores e palestrantes brasileiros. “Queremos uma diretora brasileira e pelo menos mais um funcionário do Brasil para atender quem procura a casa”, defendeu o jornalista e escritor Roberto Leal, presidente da UBESC – União Baiana de Escritores.

As críticas se intensificam quando comparadas à realidade no Brasil. “Temos duas Casas de Cultura de Angola, em Salvador e São Paulo, ambas dirigidas por angolanos e com equipe local. Lá, a representação cultural é preservada”, pontua Leal. A percepção de falta de acolhimento não atinge apenas brasileiros. O artista plástico e escritor cabo-verdiano Moustafa Assem, casado com uma brasileira, relatou: “Minha mulher foi certa vez à Casa do Brasil e não gostou do atendimento, saiu se sentindo maltratada”.

Para os críticos, a situação desrespeita a proposta de parceria cultural entre os dois países e afasta o público que deveria se sentir “em casa” na instituição. A atual diretora do IGR – Instituto Guimarães Rosa é a angolana Marisa Cristino.

Fotos: Divulgação

Fonte: ASCOM/Revista Òmnira

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