Cresce de forma geométrica a violência no Brasil, tendo como um dos principais fomentadores a questão econômica praticada por grupos conservadores e pertencentes ao agronegócio que lutam pela concentração de capital e pela disputa de terra.
Segundo dados colhidos pelo Comitê Brasileiro de Defensores e Defensoras de Direitos Humanos, só no período de 2017 já foram identificados 58 homicídios contra militantes de Direitos Humanos no Brasil. Sendo que 80% desses casos foram registrados na Amazônia Legal, todos eles, relacionados à disputa por terra.
Geralmente, estes casos tem um pico elevado durante períodos de instabilidade política, a exemplo dos dias atuais, em que vantagens e concessões criminosas são alargadas ao agronegócio. Tal comportamento foi agravado no pós-impeachment, ou melhor, durante este desgoverno golpista.
O projeto de estrangeirização de terras também tem sido um dos fortes componentes associado à legimitização da grilagem, agora até 2.500 hectares, alcançaram as prioridades do Congresso Nacional. Esta movimentação legislativa está de acordo com as diretrizes do Banco Mundial para o desenvolvimento do país que indicam, por exemplo, a flexibilização da legislação ambiental e fundiária, influenciando o legislativo, o executivo, e também, o poder judiciário.
O que fica evidenciado é que o discurso desenvolvimentista se espraia nas votações de projetos de lei, na reorganização das diretrizes orçamentárias, e nas decisões judiciais, que possibilitam a atuação arbitrária e violenta para preparar o terreno e viabilizar a instalação e funcionamento de empreendimentos, sejam campos de soja, lavras de minérios ou barragens. Enquanto prosseguem os massacres e chacinas na Amazônia legal, contra trabalhadores rurais como em Colniza (MT) e Pau D’arco (PA), e vitimando indígenas, tal como em Viana (MA), ocorridos em 2017, se localizam em áreas de grande interesse para expansão de iniciativas do capital. A chamada fronteira do desenvolvimento para abertura da infraestrutura e logística da cadeia de comércio de commodities.
Estes casos elencados continuarão impunes uma vez que as investigações pressionadas e manipuladas, dificilmente alcançarão os mandantes, tampouco identificam os interesses das corporações, e por fim, restam por montar um cenário que dissocia os crimes do contexto político e econômico. Deixando claro que a impunidade cometida, pelo atual arremedo de governo, favorece a prática da violência nos mais diversos segmentos deste modelo de sociedade que nos é imposta de cima para baixo.
Sérgio Jones, jornalista
(sergiojones@live.com)