Se você for a minha casa em qualquer final de semana, vai me encontrar diante do aparelho de TV, assistindo a um jogo qualquer de futebol. Uma latinha de cerveja em uma mão, o controle do aparelho na outra e um par simétrico de olhos observando as jogadas bisonhas de alguns atletas e os meus pobres órgãos auditivos, recebendo e fixando na minha memória, todas as aberrações proferidas pelo narrador e sua equipe. Sem deixar de registrar os árbitros, eles sempre querem aparecer mais que os atletas que promovem o espetáculo.
Neste final de semana, o que mais me chamou a atenção foram os nomes exóticos de alguns atletas. Com certeza se eu gerasse um filho atualmente, não colocaria esses nomes oriundos da união entre nome do pai e o nome da mãe, ou vice-versa. Como exemplo darei “Evangelice”, união de Evangivaldo com Alice. Se eu apreciasse tal prática, daria a meu filho o nome de “Sortunino”.
Sortunino, por ter o nome iniciado com “S” de sorte, seria protegido pelo deus da mitologia japonesa Ebissu, que dá sorte e fortuna. Por isso não teria problemas financeiros, não precisaria sequer trabalhar. Logo na infância deveria participar de peças como “Branca de Neve e os diversos anões em Brasília”, aquela em que os anões além de terem muita sorte, também eram muito inteligentes, pois faziam até o orçamento de Branca de Neve. Cabe lembrar que ela vivia a espera do Príncipe Boca Murcha, com suas teses sociológicas que a tiraria da pobreza e de vida mundana com os diversos anões.
Com certeza o nome Sortunino o levaria a ganhar uma boa mesada dos seus padrinhos ou financiadores, claro que seriam figurões escolhidos por mim ou quem sabe, já que o nome é muito propício, meu filho seria deputado federal e receberia mensalão semanalmente. Se o “S” do seu nome realmente lhe trouxesse sorte, carregaria em suas malas dinheiro e não roupas. Em uma manifestação de revolta por não terem aumentado o famigerado mensalão, o elegessem e o consagrassem como presidente da câmara e de quebra triplicassem o seu salário no período de recesso.
Como sabemos que o “S” da sorte sempre prevalece nesta área de atuação, Sortunino conseguiria não só ser deputado, como também pastor, quem sabe outro renomado e afortunado bispo evangélico. Aí sim! Receberia além de mensalão o dizimão, nada mais justo para alguém que luta tanto pelos interesses materiais e espirituais do povo. Melhor ainda seria se ele conseguisse também, ser presidente de um time de futebol com torcida de massa, destes que os presidentes deixaram de roubar a prazo e resolveram roubar à vista. É mais prático e arrasaria a instituição de uma só vez, sem tanta perda de tempo a exemplo do Bahia.
E sua esposa? Claro que não seria uma qualquer, uma dessas que andam pelos Shoppings Centers em dia de liquidação. Para ser esposa de Sortunino, tem que ser uma mulher exigente até nas peças íntimas do seu vestuário. Por isso, sua esposa só faria suas compras em lojas onde uma calçola custasse um mil e quinhentos reais e um baby dols, mais de dois mil. Imaginem o preço das cuecas porta-dólares!
Prepararia Sortunino para ter muito cuidado em não transformar sua esposa em ex, assim ela não faria alguns dossiês, colocando toda a sua boa vida por água abaixo e transformando o “S” da sorte em “A” de azar, ou em S de solitária.
Para a alegria geral não irei dar vida a um ser corrupto, na verdade fico sempre torcendo por você e na esperança que os sortuninos mequetrefes sejam extintos rapidamente,